Nelson Theodoro Junior

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Cotidiano

Entenda a alta constante do dólar


Os preços de moedas estrangeiras atingem níveis recordes, quase que diariamente. Tanto o dólar quanto o euro tiveram valorização maior do que outras moedas no câmbio com o real. Atualmente, o dólar está em R$ 5,73. Já o euro está custando R$ 6,28.

Fatores como a queda da taxa de juros Selic, a saída dos investidores estrangeiros, a crise econômica internacional, a pandemia e a incerteza política no Brasil são responsáveis por esses recordes constantes.

Nesse momento, é importante saber, principalmente, o empresário que dependa de câmbio e precise se proteger de uma possível desvalorização mais acentuada. Uma boa sugestão é procurar fundos de investimento baseados em uma moeda internacional para colocar os recursos que serão usados em compras futuras.

Fatores que combinados levaram ao aumento do dólar.

A redução das taxas de juros, com isso o Brasil deixa de ser o que é chamado de “País carry-trade”, ou seja, um país em que os estrangeiros vêm apenas para conseguir mais rendimentos, já que a taxa de juros sempre foi acima da média mundial. Atualmente, a Selic está em 3% ao ano, a menor taxa já registrada, bem distante dos 14,5%, em 2016.

Com essa taxa baixa, inviabiliza o investimento especulativo de curto prazo no Brasil. Com a saída desses investidores estrangeiros, sobram muitos compradores de dólar aqui, mas poucos vendedores, o que faz o real se depreciar – e o dólar ficar mais caro.

O cenário político também contribui, as incertezas provocadas pelos políticos brasileiros afastam os estrangeiros de outras modalidades de investimento, como investimento na bolsa ou diretamente em plantas de empresas nacionais. Só em 2019, os estrangeiros sacaram quase R$ 45 bilhões da B3 (bolsa de valores em São Paulo), R$ 20 bilhões a mais do que a saída registrada em 2008, durante a crise financeira mundial.

Fuga de investidores para economias mais seguras, toda essa insegurança foi reforçada pelo coronavírus, que gerou o que é chamado na economia de “flight to quality”. Nesse fenômeno, o capital mundial busca os países mais seguros, o que leva a uma saída acentuada de recursos dos países em desenvolvimento, como o Brasil. Trilhões de dólares fogem para os títulos do tesouro americano que hoje têm rendimento real (descontando a inflação) negativo. Esse efeito está diretamente relacionado ao pânico gerado pela doença.

Como a crise atinge o mundo todo, investidores de todos os países buscam moedas com maior liquidez, ou seja, que consigam trocar com muita facilidade, durante o momento de turbulência. Isso também afeta os preços do dólar e do euro.

As commodities brasileiras têm seu preço diminuído pela recessão, isso afeta diretamente o valor das exportações do Brasil e, consequentemente, a entrada de dólares. Com isso, a quantidade interna de dólares diminui e o preço da moeda americana aumenta.

E o pior da notícia é saber que não há perspectiva de um cenário muito diferente desse em médio e longo prazos.

Em meio a isso, o empresário deve manter sempre um planejamento de longo prazo em termos de ajustes de matérias-primas ou estoques. Aqueles que importam são os mais prejudicados. Contratos de longo prazo, diversificar fornecedores e manter uma checagem regular dos preços dos produtos ou de matérias- primas em real, porque o dólar está muito volátil.

O maior de todos os perigos é: vender o estoque a um preço mais baixo, quando for comprar novos produtos (com dólar mais caro) perceberá que não terá o mesmo poder de compra de antes.

 A regra principal é: Nunca confie no câmbio.

Boa semana!


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