Cinco anos após o início da pandemia de Covid-19, os efeitos sobre o comércio ainda se fazem presentes — e o setor de vestuário é um dos mais impactados. Dados recentes da FecomercioSP apontam que, entre janeiro de 2020 e janeiro de 2025, esse segmento lidera a perda de empregos no varejo paulista, com mais de 11 mil vagas a menos.
A pesquisa mostra que o varejo de roupas e acessórios foi o que menos conseguiu recuperar a mão de obra perdida no período. Levantamento do IBGE, feito durante a fase mais crítica da pandemia, já indicava uma queda de 28% nas vendas do setor — um dado que ajuda a explicar a dificuldade na retomada.
Esse cenário está diretamente relacionado a uma mudança no comportamento do consumidor. Diante da crise sanitária, as famílias priorizaram gastos com produtos essenciais. O consumo foi redirecionado, afetando segmentos considerados não prioritários, como o vestuário. O resultado: menos vendas, fechamento de lojas e menor geração de empregos.
A alta dos juros também contribuiu para o quadro. A taxa básica saltou de 3,75% para 14,25% nesses cinco anos, tornando o crédito mais caro e dificultando a recuperação dos empreendedores.
Diante desse contexto, a digitalização tem se mostrado um caminho fundamental. Utilizar redes sociais, sites e aplicativos de mensagem para divulgar e vender produtos é uma estratégia que permite ampliar o alcance dos negócios, mesmo com equipes mais enxutas. A migração para os meios digitais não é mais uma tendência, mas uma necessidade.
Porém, a reconstrução não depende apenas de ferramentas. Envolve também compreender o novo consumidor, repensar estratégias e buscar inovação constantemente. Apesar da percepção de crescimento econômico atual, o cenário ainda exige cautela, com inflação persistente, juros elevados e incertezas fiscais.
Como reflexão, deixo um ponto importante: este momento é, ao mesmo tempo, desafiador e oportuno. É hora de o varejo olhar para dentro, identificar forças, corrigir fragilidades e se preparar para um novo ciclo. Os que souberem se adaptar com agilidade, criatividade e visão estratégica estarão mais bem posicionados para crescer. O varejo mudou — e nós também precisamos mudar com ele.
Boa semana a todos e fiquem com essa reflexão!