Tem uma música muito animada do Zeca Pagodinho que diz: “Eu já passei por tudo nesta vida…”, mas nunca pensamos que fôssemos passar por este momento tão absurdo. Estamos tendo o conhecimento do avanço do coronavírus pelo mundo, recebendo imagens de seu desenvolvimento em outros países e entramos em quarentena para conter o vírus, nossos comércios fecharam, as aglomerações agora são controladas, hospitais de campanha são montados, porém tudo isso ainda nos parecia longe.
Ouvíamos pessoas comentando que acreditavam, outras que era coisa da política, muitos médicos reforçando a necessidade dos isolamentos, muitas imagens surgindo e os fake news contradizendo, começamos a receber orações e mais orações para formar correntes de pensamentos positivos, mas nada disso parecia real.
Até que de repente, acontece um caso bem próximo, todas aquelas dúvidas consideradas irreais, se transformam e chegamos à conclusão: “Ela está se aproximando”. Se aproximando de forma silenciosa, sem fazer barulho e muito rápida e certeira, procurando as pessoas mais improváveis e nos mostrando que ela veio para mudar nossos hábitos.
O irmão de um amigo muito próximo está com a Covid-19, uma pessoa forte, de idade fora do tão falado grupo de risco, apresentou todos os sintomas, procurou o sistema de saúde, foi bem atendido, está medicado, por hora não necessita dos respiradores (tomara que não venha necessitar). Elogiou os atendimentos, as orientações e está sendo mantido em isolamento.
Quando isso ocorre perto de nós, aí sim, nos alteramos, enquanto está longe, a seriedade do problema é uma, quando começa a chegar perto, a coisa muda de figura, ficamos mais sensíveis e passamos a nos colocar no lugar dessas pessoas infectadas.
Assim, passamos a entender melhor as notícias como: “os números do coronavírus vão continuar a subir nos próximos dias, pelo fato que estão sendo liberados os exames represados há pelo menos 10 dias, no mínimo”. Isso quer dizer que esse crescimento é esperado, essa manutenção do isolamento social tem a ver com essa informação e são fundamentais para que o avanço não seja tão devastador.
Tenho levado a sério as questões dessa doença, tenho me preocupado, buscado junto com outras soluções possíveis, mas sempre respeitando as orientações da OMS e agora encontrando esse caso, praticamente, ao meu lado, percebo que estamos fazendo pouco e que logo a doença vai bater na casa do vizinho e na minha casa.
Não adianta possuir grandes posses, se não conseguirmos nos manter vivo, se o corpo não dominar a doença e reagir e mostrar ser mais forte. Nos meios de comunicação, há casos incríveis e os números de falecimentos aumentando, mas estavam distantes, agora com essa aproximação, tudo muda, fica mais real. Como será a reação com os nossos pais (eu não os tenho mais), será que conseguiremos socorrê-los, será que poderemos dar o conforto necessário, ou ficarão isolados e morrerão sozinhos e nem poderemos nos despedir no velório. Nossas esposas ficarão bem e se elas morrerem, como vamos viver, se algum filho adoecer, como será a vida, após a pandemia.
Até ontem, esses questionamentos não me passavam pela cabeça, hoje com o “adoecimento do irmão de um amigo próximo” , tudo ficando mais perto.
Amanhã, quando uma pessoa do nosso bairro for confirmada com a Covid-19 e depois outra da nossa rua e quem sabe o nosso vizinho, como vamos nos comportar? Sairemos reclamando as ações do prefeito, do governador, do presidente? Ou vamos procurar o real isolamento, aproveitando o tempo com a família, parar e pensar na vida que tivemos e talvez sonhar com a vida que poderemos ter no futuro, ou viveremos intensamente o momento presente.
Outro ponto, será que passaremos a votar melhor, escolhendo autoridades que possam no futuro estar mais presentes nas necessidades de todos ou vamos continuar a escolher como o coronavírus, aleatórios, será que os escolhidos se importarão, realmente, com o que estamos vivendo. Muitas vezes, sabemos quem é a pessoa certa para estar em um cargo de decisão, mas não fazemos essa escolha. Poxa, são tantos pensamentos que vem à tona, quando a Covid-19 parece estar ficando mais próxima.
Desejo a todos boa saúde! Boa semana!